sexta-feira, 22 de junho de 2012

Universo Desporto #2 (22/06/12)

Universo Desporto #2

Lucas Neves e Pedro Mateus fazem um programa muito mais profissional onde discutem os acontecimentos mais recentes do Euro 2012 e fazem a antevisão da jornada da Liga Chinesa. Um show divertido como sempre por isso check it out.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Universo Desporto - podcast (20/06/12)

Universo Desporto - podcast (20/06/12)

Podcast de estreia do Universo Desporto com Lucas Neves e Pedro Mateus. Discussão do Euro 2012, jogos, comentadores, campeonato cipriota, o que aconteceu a Zé Kalanga? Qual o futuro de Pizzi? e para José Couceiro? Rochemback na China e muito mais por isso check it out.

sábado, 16 de junho de 2012

Euro: Previsões

Hoje fazemos a previsão para a jornada final dos grupos A e B com a colaboração de Teresa Silva e João Leitão. Amanhã retomamos com as previsões para os grupos C e D.

Grupo A

Lucas Neves

República Checa equilibrou o meio-campo com a entrada de Hubschman e o meio-campo polaco é forte quando joga em pressão alta mas têm dificuldades em gerir o seu esforço e em ter um modelo defensivo eficaz de defesa posicional com alguns momentos de pressão sobre a bola. Jogo fechado e com poucas oportunidades com Rosicky e Jiracek a criarem os maiores calafrios para a defensiva da Polónia. Polónia vence perante os seus adeptos, mas o resultado não deve ir além do 1-0.

No outro jogo, Rússia volta a fazer um jogo adulto e vence a Grécia sem dificuldades. 3-0


João Leitão

rep checa ganha
rosicky decisivo
russia fácil


Teresa Silva

No Grupo A, penso que hoje a Grécia não vá ter grandes hipóteses com a Rússia, apesar de ainda estar a lutar pela qualificação. A Grécia com as suas muitas lesões, continua muito inconsistente, principalmente na primeira parte dos jogos, e vai ter de contar com os jogadores mais experientes, apontando-se Karagounis como essencial no meio campo e Samaras tem finalmente que provar o que vale. Papastathopoulos deve voltar ao 11 inicial e deverá ser o coração da defesa grega. Por parte da Rússia, creio que Dzagoev vai novamente fazer das suas, contando já com 3 golos nos dois jogos anteriores, embora a Rússia só precise de um empate.

Já a Polónia x República Checa mostra-se mais equilibrada. Por um lado, a Polónia joga em casa e tem mostrado alguma solidez mental por parte dos seus jogadores mais novos, e tem em Lewandowski e Blaszczykowski dois grandes trunfo.s Já a República Checa também tem mostrado a sua força, apesar dos deslizes de Petr Cech, que deve jogar novamente apesar da sua lesão. Olhos estão em Milan Baros, que deverá jogar isolado. Jogo tenso, muito pouco aberto, com nenhum dos lados a arriscar demasiado, mas em principio a Polónia deverá ganhar


Grupo B

Lucas Neves

Alemanha ganha mas sem forçar muito, satisfeita com o empate. 2-1

No Portugal x Holanda sobreposição dos ataques à defesa, se a Holanda mudar o 11 com o Van der Vaart a titular ainda pior defenderá, o correcto era o Kuyt jogar no lugar do Afellay. Portugal vence 3-2.


João Leitão

alemanha ganha
portugal não sei mesmo
empate
alemanha 9 portugal 4 dinamarca 3 holanda 1

ou para drama maior
holanda a ganhar por 3-1
portugal marca aos 88
3-2
passa portugal


Teresa Silva

escreve o resto quando chegar a casa

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Euro 2012: Diário de Bordo 4

Diário de Bordo: dias 4, 5, 6 e 7

Depois de uma pequena pausa na cobertura ao Euro 2012, voltamos com algumas notas dos últimos quatro dias. Amanhã retomamos com previsões genéricas para as últimas jornadas de cada grupo.


Dia 4

No quarto dia podemos ver pela primeira vez os contestantes do Grupo D. França e Inglaterra são dois gigantes adormecidos que tiveram prestações fracas nos dois últimos torneios, o que talvez ajude a explicar o facto de nenhuma equipa ter tentado forçar a vitória nos minutos finais. Satisfeitos com o empate frente à outra equipa forte do grupo, talvez venham a lamentar não ter arriscado um pouco mais, ou por via de um desaire com uma das outras duas equipas, ou mesmo porque o segundo lugar dará, muito provavelmente, direito a ter a Espanha pela frente nos quartos de final, algo a evitar a todo o custo nesta altura da competição.

Ambas as equipas jogaram com o mesmo 11 que no seu amigável imediatamente anterior, e mais uma vez a equipa francesa pareceu mais saudável. Equiparando-se ao modelo de posse espanhol com os constantes movimentos interiores de Nasri e subidas do Debuchy, a França tem especialmente no Cabaye um bom médio de apoio ao ataque e que remata bem, e o Malouda também é competente pela esquerda. Ribery fica com um pouco mais de espaço para tentar furar individualmente; Benzema joga de forma móvel, e, depois dos seus dois golos contra a Estónia, parece determinado a continuar a ajudar a equipa. Chuta de fora da área sempre que tem espaço, normalmente com força e enquadrado na baliza.

O problema do meio-campo francês foi a forma como abriram demasiado a defender na primeira parte, com um péssimo entrosamento entre os três médios que abriu demasiado espaço pelo meio, onde especialmente Gerrard colocava sem dificuldade a bola nos avançados ingleses, conseguindo assim jogar um futebol directo com passes rasteiros de qualidade. Steven Gerrard fez um jogo excelente na zona central com Scott Parker, agressivo nas disputas de bola e super competente no passe; fez também o cruzamento para o golo.

No outro jogo do grupo, o meio-campo sueco com Källström e Elm, mais o Ibra, demonstrou-se demasiado fraco para jogar a este nível. O Källström nunca explodiu ao alto nível porque é demasiado lento e imóvel, e, frente a equipas deste nível, a equipa vai ressentir-se se ele jogar numa posição tão recuada. Voronin fez um jogo soberbo. Enquanto Shevchenko tinha ordens para não se desgastar e jogar no espaço mais avançado para aparecer no coração da área a decidir, Voronin correu quilómetros vindo atrás para para ser o organizador de jogo ucraniano no último terço, enquanto Nazarenko, no meio, e os dois médios laterais (ambos habilidosos) asseguram uma posse de bola com alguma qualidade até aí.

A vitória ucraniana foi totalmente merecida, apesar do seu treinador ter colocado jogadores de ataque para tentar matar o jogo em contra-ataque em vez de concentrar mais jogadores na defensiva. Podia ter-lhe custado nos últimos minutos. Destacar ainda uma exibição muito boa do central Kacheridi. Jogador do Dinamo de Kiev, aos 24 anos é um jogador a seguir.


Dia 5

Grupo em aberto com o empate da Polónia com a Rússia: o Polónia x Rep. Checa da última jornada será um jogo dramático. As principais notas do jogo são uma boa exibição do Kerzhakov demasiado rápido para os centrais polacos, mas sem conseguir concretizar oportunidades mais uma vez; um jogo muito bom do Denisov como primeiro construtor; e menos permutas entre o Dzagoev e o Shirokov na Rússia. A Polónia, mais uma vez de duas caras, forte nos momentos em que joga com pressão alta no meio-campo, apresentando dificuldades quando tenta defender posicionalmente.

No outro jogo, Grécia teve outra vez dificuldades e a Rep. Checa melhorou bastante ao consolidar o meio-campo com a entrada do Hubschman para a posição mais recuada do meio-campo, subindo o Jiracek para extremo direito. Não só a equipa encontrou mais equilibrio, como também Hubschman esteve muito disponível para receber a bola atrás e garantir qualidade na posse de bola.


Dia 6

Depois de bons pormenores dados no primeiro jogo na forma de defender, frente à Dinamarca Portugal tentou defender ora com pressão alta desde o meio-campo dinamarquês, ora não fazendo recuar Cristiano Ronaldo para o ter sempre em posições mais avançadas. Em ambos os casos, todo o trabalho extra ficou para o João Moutinho, que voltou a correr que se fartou, mas muito desacompanhado tanto pelo Raúl Meireles como pelo Miguel Veloso, permitindo que a Dinamarca ultrapassasse com facilidade a zona de pressão, e, com subida dos laterais, ganhasse o espaço nos corredores. Jogando assim, talvez fosse mais eficaz jogar com o Rúben Micael, que é um jogador mais pressionante e agressivo que o Raúl Meireles. A defesa portuguesa abriu demasiado, com destaque para as dificuldades do João Pereira em fechar; já o Pepe foi demasiadas vezes fundamental com as suas dobras.

No ataque, o Ronaldo foi o principal condutor de jogo, flectindo para o meio ou atacando a linha. Ganhou faltas e metros, mas este trabalho impediu-o de surgir mais vezes em zonas de finalização e acabou por ser infeliz quando teve oportunidades. Nani esteve mais apagado mas não se escondeu do jogo, e o Postiga, com as suas limitações, esforçado como sempre e atacando todas as bolas, provocou algumas dificuldades aos centrais dinamarqueses e foi recompensado com um golo.

No Alemanha x Holanda, destaque para outra exibição fraca do Van Bommel, e para o facto dos golos alemães virem de subidas do Schweinstiger para zonas mal fechadas no meio. O médio do Bayern nunca teve tanto espaço contra Portugal, e aqui foi suficiente para fazer assistências de grande nível. Mario Gomez fez o resto.

A Holanda é a equipa mais desequilibrada do torneio. Van Bommel não ataca; o Van der Vaart é a outra opção e não dá equilibrio defensivo. No entanto, a qualidade de Robben, Van Persie e Sneijder podem sempre criar oportunidades e marcar, pelo que, embora não tenham arcaboiço para ser um candidato sério ao Euro, em qualquer dia podem vencer qualquer equipa.


Dia 7

Esperava-se que as quatro equipas alterassem a sua forma de jogar. Itália e Croácia jogaram com o mesmo 11. No jogo italiano são as ótimas exibições de Balotelli e Pirlo, que levam o perigo para a baliza croata. Pirlo repete o seu papel de organizar jogo a partir de trás, e Balotelli, mais disponível no ataque, foi central nas oportunidades da sua equipa.

Os croatas tiveram de ajustar o seu esquema para conseguir equilibrio, alterando primeiro para um esquema em losango para fazer subir o Modric e, depois, com mais equilibrio, para um 4-2-3-1 com o Rakitic junto de Vukojevic, abrindo o Mandzukic à direita com a entrada do Pranjic para a esquerda. Mandzukic fez outra exibição de grande nível e esteve confortável a jogar na direita. No golo, tem uma ótima finalização em agilidade, embora talvez devesse ter rematado de primeira.

Del Bosque apostou em Fernando Torres de início e foi recompensado com 2 golos. Aparentemente a posição será rodada entre Torres e Fabregas consoante as características de cada jogo.


A cobertura contínua nos próximos dias de forma mais regular.

domingo, 10 de junho de 2012

Euro 2012: Diário de Bordo 3

Diário de Bordo: Dia 3


Ao terceiro dia, o Europeu continua à altura do grande festival desportivo que é. As cortinas do grupo C abriram com mais um jogo grande e intrigante.

A Espanha começou a defesa do título frente a uma Itália imprevisível, enovoeirada por mais um escandalo de combinação de resultados. Sendo sempre imprevisíveis os efeitos que estes acontecimentos podem ter no seio de uma selecção, a derrota por 3-0 com a Rússia em amigável deu a entender que o estado de espírito dos italianos não seria o melhor.

Já a Espanha, começa o Euro como começou o mundial 2010. Sem identidade encontrada, hesitante entre fazer-se uma extensão do Barcelona ou maximizar também as carateristicas dos seus outros jogadores.

O 11 inicial fez tender para a primeira hipótese. Com Llorente e Fernando Torres no banco, Del Bosque fez entrar Arbeloa, Jordi Alba e Fabregas no lugar dos campeões do mundo em 2010 Capdevilla, Puyol e David Villa.

A posição de Fábregas foi aliás a grande surpresa do onze inicial, embora sempre apoiado de forma próxima por David Silva, o catalão fez de facto a posição mais adiantada dos espanhóis. No meio-campo, Alonso e Busquets jogavam em linha, tendo este último a possibilidade de rodar com Xavi a posição. Xavi jogava por defeito no centro, defendendo na mesma linha de Silva e Iniesta, mas em posse descaía muitas vezes para a direita em virtude do David Silva experimentar posições mais centrais. Na esquerda, as subidas de Jordi Alba permitiam que o Iniesta flectisse também para o meio pelo que Espanha atacava essencialmente fazendo um 4-1 ou um 3-2 nos jogadores mais avançados.

O processamento do jogo espanhol é orgânico, se um jogador tem a posse de bola, imediatamente os colegas se movimentam para lhe dar no minimo uma linha de passe, e chegando a bola a Iniesta ou Silva em zonas próximas da baliza, estes tentam, individualmente ou com o apoio de tabelas, rematar à baliza. Não há cruzamentos, chegando à linha a equipa tenta rodar o jogo para o outro lado.

Para contrariar o jogo centralizado dos vermelhos, Prandelli fez a equipa italiana jogar com 3 centrais, fazendo De Rossi uso da sua experiência para ser um líbero moderno, alinhando um pouco atrás de Bonucci e Chiellini. Maggio e o Giacherinni – um estreante na squadra azzurra – completavam uma linha defensiva nas laterais, e com o domínio espanhol perderam um pouco da sua amplitude enquanto alas.

Á frente, Pirlo é um general jogando junto de Thiago Motta e atrás de Marchisio. Mostrando que o BI não joga, aos 33 anos Pirlo continua a construir jogo a partir de trás e mantém uma qualidade de passe invejável, é através dele que muitas vezes Itália fez chegar a bola aos seus avançados. Cassano e Balotelli  tinham como função segurar o esférico para permitir que o resto da equipa subisse no terreno e recomeçasse a construção ofensiva mais próximo da baliza de Casillas. Cassano fez um jogo soberbo, Balotelli teve alguns bons momentos, mas também cometeu faltas desnecessárias e tomou más decisões.

Se na primeira parte, esta configuração resultou num jogo sem grandes momentos de desequilíbrio apesar de todo o retoque técnico, na segunda, o jogo só não ganhou porporções épicas porque ambas as equipas acabaram conscientes que o empate era um bom resultado.

Depois de um início de segundo tempo acutilante dos espanhol (Buffon teve de mostrar que ainda está aí para as curvas: defende com um toque ligeiro um remate do Iniesta que já na área tenta com pouco angulo fazer-la entrar no poste mais distante), Di Natale substitui Balotelli que tinha acabado de falhar displicentemente a melhor oportunidade do jogo, e pouco depois isola-se para concluir com classe uma assistência primorosa de Pirlo.

David Silva não lhe fica atrás e à entrada da área faz também um passe soberbo para a finalização de primeira de Fabregas. Os anos no City fizeram Silva crescer como jogador e é agora um elemento chave da tropa espanhola. Mas a assistência não muda as ideias a Del Bosque: tira-o pouco depois para lançar Jesus Navas.

Com Navas, a Espanha começa a fazer uso do espaço lateral, e o extremo rápido do Sevilha ganha várias vezes a linha... mas continua sem ter ninguém para quem cruzar. Del Bosque mantém Llorente no banco e lança Fernando Torres, outra figura enigmática deste Europeu depois de ter feito uma época fraca no Chelsea, mas ter melhorado substancialmente com a subida de Di Matteo ao comando da equipa.

Em 8 passes tentados, somente 2 são completos, e em 15 minutos finais onde as equipas trocaram oportunidades, Torres teve as mais flagrantes aparecendo por duas vezes isolado. Na primeira, Buffon antecipa o movimento tipico de “El Niño”, que gosta sempre de contornar os guarda-redes, e, sem precisar sequer de ir ao chão, desarma-o com os pés. Na segunda, com a saída de Buffon, tenta fazer fazer-lhe um chapéu, mas a bola vai alta. Tinha um companheiro à direita em ótima posição.

Para as próximas contas de Del Bosque deve entrar Fernando Llorente. O Avançado fartou-se de marcar golos no Bilbao, e parece ser a melhor solução para dar à equipa uma referência na área.

No outro jogo do grupo, Croácia e Irlanda sabiam que qualquer esperança que pudessem ter em passar assentava numa vitória. A Irlanda combinava um 4-4-2 britânico (e sim, eles não são britânicos mas futebolísticamente vai dar ao mesmo) com um posicionamento recuado à medida do Trapattoni. Jogando praticamente todos os jogadores em Inglaterra, McGeady, o médio ala do Spartak de Moscovo, era um dos homens em quem os olhos estavam concentrados, mas acabou por jogar de forma muito discreta.
Concendendo espaço ao meio-campo croata, e dependendo essencialmente da combatividade de Kevin Doyle – constantemente a ganhar lances e faltas ao Corljuka, que jogou a central – e a espaços de algum talento do Robbie Keane, a Irlanda acomulou erros de marcação e foi demasiado frágil para uma Croácia muito ofensiva.



Com 2 avançados altos, Jelavic e Mandzukic, a Croácia foi a equipa que mais envolveu os seus laterais neste europeu e fez valer cruzamentos para a área. Especialmente o Rakitic na direita, chegava-se mais perto do Modric para abrir espaço para o Srna (uma das boas exibições croatas) subir. Perisic – mais um representante do Dortmund em prova – a espaços fazia o mesmo à esquerda. Vukojevic encostava-se aos centrais, e Luka Modric enchia o campo de classe pegando na bola desde trás. Mais maduro que em 2010, pode ser o jogador a comandar a Croácia de novo para altos voos.

Depois de chegar ao 3-1, a Croácia abrandou e passou a jogar de forma mais estável e compacta, e os irlandeses tentaram aproveitar para discutir o resultado, mas apesar dos esforços de Damien Duff e Simon Cox (substituiu o McGeady), o mais perto que estiveram de criar perigo foi quando Robbie Keane foi rasteirado na área. O árbitro, erradamente, não assinalou grande penalidade.

Se Jelavic foi competente e converteu a oportunidade que teve, Mandzukic fez uma exibição brilhante em tudo o que se pode pedir a um ponta-de-lança. Ofereceu linhas de passe, reteve a bola, deslocou-se para a lateral e enfrentou adversários olhos nos olhos – apesar de alto é um jogador rápido . E fez 2 golos de cabeça em dois cabeceamentos difíceis em que também teve colaboração directa de Shay Given. Os Irlandeses contavam com o guardião de 36 anos para ser um dos pilares da equipa mas acabaram por ser traídos pela lentidão do guardião do Aston Villa.

Apesar do coração irlandês, só a Croácia deve ser um verdadeiro incómodo para Espanha e Itália. Mas aí, possivelmente, abdicando de Jelavic para reforçar o meio-campo onde Niko Kranjkar ainda não parece estar em condições de alinhar de início. Uma lesão no joelho fê-lo perder o final de época e nos minutos em que esteve em campo apresentou-se mais lento e receoso do que o Niko que estamos habituados a ver.

Também a Itália deve reformular o seu esquema para os restantes jogos. O Itália x Croácia vai ser o grande jogo da segunda jornada do grupo e não pode deixar de haver alguma curiosidade para ver 2 treinadores italianos defrontarem-se no Itália x Irlanda que fecha o grupo.

Já a Espanha, fica com a missão de encontrar o melhor modelo de jogo e, sobretudo, os melhores jogadores para o interpretar. Navas mostrou que pode ir à linha final como nenhum outro espanhol e, no banco, jogadores como Albiol, Juan Mata ou Llorente têm qualidade para ajudar a equipa, mas é especialmente o último quem pode dar mais soluções à equipa, para que possa fazer variar o seu “tiqui-taca” com cruzamentos para a área e utilização do espaço lateral.

Euro 2012: Diário de Bordo 2

Diário de Bordo: Dia 2

Ao segundo dia, o primeiro grande jogo e a primeira grande surpresa naquele que é o grupo mais cotado.

É no primeiro jogo que não só temos uma surpresa, como uma semi-desilusão. A equipa holandesa ao ataque com Robben, Sneijder, Afellay e Van Persie mostrou-se totalmente incapaz de envolver os seus médios, nomeadamente o Van Bommel, que passou ao lado do jogo. Os próprios laterais raramente subiram e, quando o fizeram, raramente com qualidade. O Van der Wiel teve uma exibição desinspirada e o Jetro Willens, que se tornou no jogador mais jovem de sempre a disputar um Europeu, mostrou qualidade e confiança com a bola do pé, mas também perdeu muitas vezes as costas para o Rommedahl.

Não foi por isso que a Holanda deixou de criar perigo. Com Afellay e Robben bem abertos, o Sneijder em movimentações de alto nível para encontrar espaço entre linhas, e o Van Persie a fazer de apoio frontal para tabelas, a Holanda até rompeu pela defensiva dinamarquesa com alguma facilidade - pelo menos até Agger e Kjaer ajustarem o posicionamento de forma a proteger melhor o espaço nas suas costas, e andar menos atrás do Van Persie na marcação – mas tanto o Robben apareceu pouco decidido na hora de finalizar (parecendo atormentado pelo fantasma dos penaltis falhados contra Chelsea e Dortmund), como o Van Persie não fez valer o seu título de melhor marcador da Premier League deste ano, e foi a Dinamarca quem acabou por marcar de forma pouco mais que casual.

De forma pouco mais que casual porque na verdade nasce de dois bons momentos individuais: Simon Poulsen – lateral esquerdo que desequilibrou sempre que subiu – ganha a linha sozinho em velocidade e o ressalto do seu cruzamento vai parar a Michael Krohn-Dehli, que marca depois de uma boa jogada individual e de um remate com pouco ângulo mas determinado, que passa por entre as pernas do Stekelemburg.

Bert van Marwijk praticamente entregou o jogo com as suas substituições, retirando de campo De Jong para colocar Van der Vaart; recuando o Van Bommel, a Holanda perdeu o meio campo, e tanto Zimling como Kvist passaram a ter mais bola nos pés e a apoiar mais o ataque onde Krohn-Deli e Rommedahl faziam jogos de bom nível (já o Bendtner e o Eriksen estiveram bastante mais apagados). A Dinamarca sempre tentou trocar a bola a partir de trás, mas, se na primeira parte acabava invariavelmente por bater a bola à procura de Bendtner ao não resistir à pressão holandesa, a partir deste momento conseguiram trocar a bola a toda a largura do campo.

Nos melhores momentos da Holanda na segunda parte, o goleiro Stephan Anderson (o escolhido para substituir o lesionado Sorensen) defendeu um remate forte do Van Bommel e fez bem a “mancha” a Huntelaar, que seguia isolado.

O ritmo a que se jogou foi lento. A Dinamarca não deslumbrou mas foi mais inteligente. Se é verdade que a Holanda podia ter perfeitamente ganho o jogo, também é verdade que para defrontar Portugal e Alemanha terão de ter um jogo muito mais envolvido, e a ideia que fica deste jogo é que até o Schaars fazia melhor figura no meio-campo. Na frente, embora tenha tido momentos de alto nível com a bola nos pés, as más finalizações do Van Persie incendeiam o debate sobre a titularidade ou não do Huntelaar.


No jogo grande do grupo, Alemanha e Portugal mostraram ser as equipas mais fortes do Europeu até ao momento, no jogo grande da competição até agora.

Se Portugal até entrou confiante e a querer ter a bola, cedo se resignou a um papel mais defensivo. Não pressionando alto, Portugal tentava impedir a saída do jogo alemão com pressão constante de João Moutinho (fez um jogo incansável) sobre Khedira. Raúl Meireles seguia Schweinsteiger e Miguel Veloso encaixava em Ozil, mas seriam as movimentações deste, deslocando-se para faixas laterais onde os espaços eram conquistados pelas diagonais de Muller e Podolski, que viriam a abrir o jogo.

A Alemanha, à imagem da Rússia no dia anterior, apresentava nos seus titulares 7 jogadores de uma mesma equipa, nesta caso, o Bayern de Munique, vice-campeão europeu de clubes.

Nas laterais, Boateng e Lahm pouco subiam, e quase nunca na construção sistemática de jogo, já que o perigo português estava nas alas em Nani e Ronaldo, que sempre que bem servidos, metiam velocidade e desequilibravam.

Na ponta deste ataque português esteve Hélder Postiga (o Hugo Almeida não podia jogar depois do jogo que fez com a Turquia), que é o melhor avançado português para vir atrás e receber a bola no pé, mas tem depois dificuldade em devolvê-la jogável. Teve uma exibição esforçada mas inglória, e é nitido que é um jogador abaixo da média dos companheiros.

Nos confrontos individuais, Coentrão teve sempre mais velocidade que Muller ou Boateng; já João Pereira teve muitas dificuldades perante Podolski. Felizmente para ele, os cruzamentos do alemão nunca tiveram qualidade. Ronaldo e Nani quando tiveram espaços criaram os lances da maior aflição para os germânicos, Boateng deixou-se ultrapassar por Ronaldo algumas vezes, mas também conseguiu um corte decisivo num lance em que este se isolava.

Jogado com qualidade técnica e com o estigma de ser o primeiro do grupo que ninguém queria perder, o jogo estava a jeito para ser decidido num pormenor. Se na primeira parte o Pepe tem um remate soberbo que bate na barra e vai à linha, na segunda é um golo incrível de Màrio Gomez que o decide. Paulo Bento tinha acabado de lançar Nélson Oliveira em campo, na tentativa de dar mais velocidade e mais um jogador capaz de decidir individualmente à seleção, quando um cruzamento de Muller é desviado, e só Gomez é capaz de redefinir a sua trajetória para se colocar em posição para um cabeceamento certeiro.

O incrível na movimentação de Gomez é não só ele reagir de pronto e muito mais rápido que o Pepe ou o João Pereira, mas ainda conseguir-se colocar em posição para atacar a bola, saltando de frente de modo a cabeceá-la para baixo. Um grande golo de um grande ponta-de-lança.

Para além da falta de reacção da defesa portuguesa, também Rui Patrício estava desposicionado no lance, cobrindo exageradamente o ângulo do seu lado direito e deixando o esquerdo vulnerável. Pormenores que fazem a diferença.

O jogo foi ainda agitado pela entrada do Varela, descomplexado com a bola no pé, protegendo-a e trocando-a com qualidade com Nani e outros médios, mostrando que pode ser um jogador chave para a seleção, mas desperdiçando também a grande oportunidade da sua equipa num frente a frente com Neuer depois de uma boa jogada e assistência de Nélson Oliveira (praticamente o seu único bom momento no jogo; apesar da velocidade e altura, ainda demonstra algumas dificuldades em disputar os lances taco a taco no aspeto físico).

O grupo fica em aberto. A Holanda mostrou pouco mas pode transfigurar-se, Portugal exibiu-se a bom nível mas está para saber que tipo de actuação terá quando precisar de vencer um jogo. A Alemanha conquista uma vitória importante e a Dinamarca é uma verdadeira incógnita, mas dificilmente este grupo estará decidido à segunda jornada, e o Portugal x Holanda na terceira deverá ser um jogo decisivo já que, aconteça o que acontecer, qualquer equipa estará ao alcance da outra em caso de derrota.

sábado, 9 de junho de 2012

Euro 2012: Diário de Bordo 1

uma cobertura que estou a fazer com o Pedro Mateus.

Diário de Bordo: Dia 1

A configuração do grupo A do Euro 2012 foi manifestamente infeliz. O mais grave não é ser o único grupo sem candidato sério à conquista do Europeu, composto por equipas que tradicionalmente não jogam um futebol dominante e de ataque (“atrativo”, vá); afinal, um grupo mais fraco que permita um apuramento inesperado compensado por um “grupo da morte” cria a incerteza necessária a uma fase de grupos. O pior é mesmo tratar-se do grupo A, e por isso mesmo, o primeiro grupo a entrar em jogo, sabendo-se que telespectadores casuais não só estão mais disponíveis para ver grandes competições de desportos que não seguem catolicamente, como também são bastante influenciados pelo primeiro impacto, que muitas vezes parece ter desde logo um tom determinista para o todo da competição (que “vai ser um Europeu muito fechado” ou “está tudo a jogar muito futebol”, e outros ditos que se adequem a cada caso).

Posto isto, o primeiro dia não podia ter corrido melhor: num jogo tivemos a demonstração da imprevisibilidade que o futebol pode ter enquanto jogo; no outro, a apresentação de uma equipa dominante que, continuando a este nível, causará elevada antecipação quando tiver de enfrentar adversários de peso. No primeiro jogo enfrentaram-se duas das equipas menos cotadas do torneio. Se, futebolisticamente, Lewandowski e Szczesny são figuras reputadas na Polónia (e que impacto viriam a ter no jogo!) e na Grécia persiste a aura (resistente desde a vitória no Euro 2004) de, por mais incapazes que possam parecer de criar situações de perigo, serem capazes de vencer qualquer equipa caso as estrelas se alinhem , é nas leituras transdesportivas que encontramos mais motivos de interesse neste jogo.

A Polónia é um dos anfitriões da prova, joga em casa num ambiente infernal, o que geralmente gera algum envolvimento emocional por parte de espectadores casuais, e a Grécia encontra-se numa situação política, económica e social altamente degradada, dando um incentivo extra aos seus jogadores para dar uma pequena prenda ao seu povo. Em campo, um hino ao imprevisível e a primeira grande imagem do Europeu. Duas partes contrastantes e abertas a leituras em vários pontos de vista. Na primeira, a Polónia domina um meio-campo grego, onde a lentidão de processos de Katsouranis e Karagounis fazia com que a única verdadeira solução para chegar a linhas avançadas com um mínimo de qualidade fosse o critério de Maniatis. Lukasz Piszczek mostrava toda a sua categoria enquanto lateral, subindo pelo flanco direito a propósito, capaz de combinar a poucos toques e em tabelas com os companheiros, e cruzando com qualidade havendo espaço (João Pereira, que tal tirar uns apontamentos?), e foi graças a uma das suas subidas que a Polónia chegou naturalmente ao golo, permitindo cruzamento a Błaszczykowski, clássica e belamente concluído, Robert Lewandowski. Os 3 foram campeões pelo Dortmund este ano.

O propósito deste jogo parecia ser dar a conhecer ao mundo um candidato à passagem aos quartos. A Polónia parecia tranquila no jogo, a Grécia completamente desconfortável e, quando o central do Werder Bremen, Sokratis Papastathopoulos, é expulso (de forma exagerada, mas sempre que um jogador coloca os braços sobre o seu adversário está sujeito a que a falta seja marcada), tudo parecia indicar para uma serena caminhada polaca para uma primeira vitória. Pouco depois, o expectro do favorecimento das arbitragens às equipas da casa (olá Coreia 2002) subiu a cena quando Ninis, na sua única acção positiva em praticamente todo o jogo, cruza para um ressalto acidental num braço polaco e não tem direito a penalti. Na segunda parte tudo se transfigura: Fernando Santos retira um desinspirado Ninis da equação, mantém na frente Gekas e Samaras que, controlando e retendo a bola em espaços ofensivos, era um verdadeiro inalador para a sua equipa, e lança em campo o experiente Salpingidis que já tinha treinado no PAOK. Salpingidis muda por completo a face do jogo, mais agressivo, rápido e criterioso, incomoda os polacos adormecidos e justificadamente acaba por fazer o golo do empate apanhando as sobras de um desentendimento do Szczesny com o seu central e depois ganha ainda um penalti e a expulsão do jovem guardião arsenalista.

O conto de fadas grego encontrou um vilão em Przemysław Tytoń, que se estreou em grandes competições ao defender o penalti do veterano Karagounis. A grande imagem do dia é mesmo a reacção de Szczesny, vibrando com a defesa do colega, embora tenha possivelmente perdido o lugar com a sua performance e suspensão de um jogo.


Se no primeiro jogo tivemos emoção, no segundo tivemos performance. A Rússia, fundamentada num esquadrão de St. Petersburgo com sete jogadores do Zenit, complementados com a dupla de centrais do CSKA – Ignashevich e Berezutskiy –, o jovem Dzagoev (também do CSKA) no apoio ao ataque, e o Zhirkov (Anzhi) a defesa esquerdo. Uma das novidades na equipa russa é a titularidade do Malafeev que, embora seja melhor que o Akinfeev, raramente parece merecer tal distinção. No meio campo, Zyryanov e Denisov são demais para os checos. Rosicky e Jiracek têm muita qualidade com a bola no pé, mas falta-lhes agressividade para ganhar divididas, e velocidade para recuperar posição. Na frente, Arshavin joga de cabeça levantada. Tal como Zhirkov, parece ter-se reinventado depois de sair de Inglaterra. Dzagoev e Kerzhakov eram wildcards, estando por provar a sua capacidade de decidir nos momentos de maior pressão. Se o jovem de 21 anos fez figura ao apontar dois bons golos, Kerzhakov adiou a resolução da partida ao falhar outros tantos, e foi só após a sua saída que Plavlyuchenko marcou também presença com um golo extraordinário, depois de técnicas sucessivas de inversão lateral de movimento, culminadas com um forte remate ao angulo da baliza de um Peter Cech que não fez valer os seus créditos. Estará Pavlyuchenko (agora no Lokomotiv de Moscovo) também a apreciar os ares da Rússia? Pode ser que a Premier League não seja para os russos.


O interessante neste grupo é perceber se os russos podem ser uma real ameaça nos quartos de final, ao mesmo tempo que, na última jornada, o Polónia x Rep. Checa tem todo o ar de vir a ser decisivo e um jogo de grande tensão e ambiente (aconteça o que acontecer na segunda jornada, em caso de vitória a Polónia ultrapassará sempre os checos no grupo, o que dificilmente não garantirá um apuramento).


Nota: este artigo foi escrito mais à pressa porque eu e o Pedro só decidimos fazer isto ontem à noite. Em princípio os próximos diários de bordo serão mais cuidados, precisos, e publicados a horas em que ainda sejam relevantes.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Artigo 3#


Notas sobre a fase de apuramento asiática para o mundial.

Está já na fase mais avançada o apuramento para o Mundial 2014 na zona da Confederação Asiática e, decorridas duas jornadas, é-nos já possível começar a tirar alguns apontamentos sobre as equipas que aspiram a estar no Brasil.

Há dois grupos de cinco equipas, em cada um dos quais se apuram diretamente os dois primeiros classificados (os terceiros de cada grupo disputam um play-off entre si em que o vencedor discutirá mais uma vaga com o 5º classificado da zona sul-americana).

O Grupo B é o mais mediático, e onde desde já se antevê para próxima terça-feira um encontro de gigantes. Apesar de ser o terceiro país asiático com melhor posição no ranking da FIFA, o Japão é provavelmente a equipa mais forte em toda a qualificação.

Na primeira jornada venceram Omã por 3-0, num jogo em que não permitiram um único remate à seleção de Omã, e, já hoje, destroçaram a Jordânia por 6-0. Cheia de jogadores “ratos”, pequenos tecnicistas, o Japão assemelha-se a um Barcelona asiático, os jogadores jogam como se treinassem juntos todos os dias num 4-2-3-1 de ponto de partida posicional que se torna altamente desdobrável.

Os dois primeiros médios são dois jogadores de ótima capacidade técnica: o Endo fez toda a carreira no Japão e tem já 32 anos, mas é um jogador acima da média, com ótimo controlo de bola e capacidade para passes longos... é também um especialista em bolas paradas, conspicuamente na  cobrança de cantos, não só com bons cruzamentos tensos como também com cobranças directas à baliza bem medidas. Já o Hasebe, que joga há vários anos na Alemanha, no Wolsburgo, é ainda melhor, faz passes a um toque de todas as formas, feitios e ângulos, e ainda é um jogador móvel, capaz de dar linhas de passe mais à frente (contra a Jordânia vi-o por exemplo a ganhar espaço aproveitando as descidas do Honda para pegar no jogo atrás, acabando a bola por vir chegar ao Hasebe em zonas mais adiantadas) e também na lateral, aproveitando o facto de os extremos japoneses jogarem muito em diagonal.

À frente, o Honda joga como “10” e o Kagawa é o avançado, ou um falso avançado. Na verdade, há momentos do jogo japonês em que o Kagawa e o Honda são médios e os extremos -  o Okazaki que joga no Estugarda, e o Maeda que continua no Japão no Jubilo Iawata – estão na área para receber cruzamentos. O Okazaki em especial apareceu muitas vezes em ótima posição para rematar e, mesmo não tendo marcado, é dos jogadores que melhor entende a movimentação que pode fazer. O Maeda é mais um extremo clássico, cruza e arrisca no um para um quando pode, e é capaz de manter a bola jogavel quando não pode.

Nesta dinâmica extrema de movimentações (onde nunca vimos a equipa perder estabilidade nem levar com contra-ataques), o Japão fez uma primeira parte demolidora: depois de um primeiro golo do Maeda, Honda apareceu duas vezes na área para fazer boas finalizações, e, no final da primeira parte, o Kawada faz um ótimo golo num remate de fora da área. Pelo meio um moço da Jordânia foi expulso, o que obviamente facilitou, mas não nos enganemos: o Japão jogou de forma endiabrada e aos 5 minutos já tinha tido três boas oportunidades para marcar (deslumbrado pelas facilidades, o Okazaki tentou um golo de bibicleta quando podia enquadrar-se com a baliza).



Estádio cheio, público com a equipa, o Japão parece ser um forte candidato a ser uma equipa sensação no mundial (depende do grupo em que calharem etc), e usou a segunda parte para gerir o esforço, permitir algumas boas defesas ao goleiro contrário, permitir que o Honda fizesse o seu primeiro hat-trick a nível internacional depois de um penalti bem simulado pelo Maeda, e terminar em beleza com mais um golo de canto, desta feita com um cruzamento do Uchida para um cabeceamento do central Kurihada, que tinha entrado na primeira parte.

Isto porque já na terça-feira há um encontro com a outra equipa candidata do grupo: a Austrália. E esse jogo grande será uma boa oportunidade para perceber o real valor da equipa australiana. Os australianos são diferentes dos japoneses: menos técnica, mais altura e mais físico; menos estrelas emergentes, mais dependência em jogadores antigos. Na Austrália, as grandes figuras continuam a ser Mark Schwarzer, Lucas Neil, Mark Bresciano e Harry Kewell, e foram marcadamente insuficientes no jogo de hoje com o Omã. Se na primeira parte o Al Habsi (goleirão do Wigan) ainda foi importante para anular os bons momentos australianos com boas defesas, na segunda Omã esteve perto de levar a vitória com o extremo Al-Maashari e o médio Saleh endiabrados, e o outro extremo, o Al-Ajmi, também a desiquilibrar com velocidade (apesar de tudo, o jogador que mais me impressionou em Omã foi um central: Mohammed Albalushi, tem 22 anos e joga nos EAU). O resultado foi um 0-0, mas um público de Omã muito agradado com a exibição da sua equipa.

Se foi um mau dia, ou se a seleção Australiana está numa crise de renovação, muito será percebido na próxima terça, onde jogarão com uma equipa mais rápida e técnica. Caso se verifique outra exibição deste nível, podemos ter Austrália fora do mundial, talvez para um apuramento histórico do Omã ou Iraque.


Já no outro grupo, as linhas diferenciadoras parecem ter sido marcadas de forma clara nestas primeiras jornadas.

Depois de uma vitória sofrida no Uzbequistão, onde os uzbeques se podem queixar de um golo claro não ter sido validado, o Irão de Carlos Queiroz parece em ótima posição para voltar a um mundial, depois da sua última participação em 2006.

No outro jogo da primeira jornada, o Qatar, onde a estrela tem sangue uruguaio – Sebastian Soria joga no Qatar faz agora oito anos! -, venceu no Líbano, graças a um erro defensivo flagrante. Ainda assim, parecia na altura poder ser o principal candidato a ameaçar o lugar do Irão, isto até entrar em cena o grande do grupo, já hoje, na segunda jornada: o Qatar não resistiu e apesar de se ter colocado em vantagem aos 22 minutos, acabou por perder em casa com a Coreia do Sul (4-1). Como no outro jogo o Uzbequistão não foi além de um empate com o Líbano, as portas parecem abertas para Coreia e Irão, que, com apenas um jogo, lideram o grupo, apenas acompanhadas pelo Qatar.

Claro que ainda faltam 6 jogos, mas depois de ter vencido o principal rival na luta pelo segundo lugar fora de casa, Carlos Queiroz parece já a caminho de repetir uma participação num mundial, o que será interessante de seguir para perceber os efeitos para a sua carreira e reputação, já que, apesar das várias oportunidades, Queiroz para além de ter vindo sempre a ficar aquém dos objectivos traçados, também tem estado envolto em conflitos e polémicas de todo o tipo (Portugal e África do Sul são os exemplos mais paradigmáticos), demonstrando uma enorme incapacidade de lidar com as críticas e o insucesso (sendo especialmente clássica a sua declaração de que é preciso estar mais de 10 anos num clube para poder por as coisas a funcionar).

Na próxima terça-feira realiza-se a terceira jornada. Para além do já promovidíssimo Austrália x Japão, que dominará as atenções, eis os outros jogos:

 - No grupo B, Omã joga no Iraque e a equipa que ganhar pode verdadeiramente colocar-se em boa posição para uma aspiração legítima ao apuramento.

 - No Grupo A, a Coreia do Sul tem obrigação de vencer o Líbano sem dificuldades, e o Irão x Qatar pode ajudar a determinar já o futuro de ambas, em caso de vitória do Irão, ou complicar as contas do grupo (com qualquer outro resultado).

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Artigo #2

De volta ao Blog, desta vez com uma review.

Cruel Intentions (1999) de Roger Kumble



(tem spoilers)

Uma adaptação para filme e para o nosso século da obra-prima Les Liaisons Dangereuses, do Pierre Choderlos de Laclos, este filme foi lançado nos cinemas em 1999 e destaca-se pela actuação de Reese Witherspoon e pela banda sonora inteligente.

Quanto à Reese, é salutar como saem dois filmes neste ano em que ela tem um papel chave (no verdadeiro sentido, ela é a chave que faz avançar os plots) e onde tem papeis não só diferenciados como bastante polarizados, o que pode ter causado alguma confusão aos espetadores da época.




Já a banda sonora funciona a um nível inconsciente e de forma sugestiva, ie: quando toca a Colour Blind é-nos sugerido que a personagem de étnia negra ainda vai aparecer e ter um papel decisivo, o que sucede. Também a música do Morrisey na cena de sexo é muito oportuna. O filme contém algumas mensagens simbólicas escondidas, por exemplo, a linha do Sebastian “where were we?” simboliza o momento em que todas as pontas do plot entram numa encruzilhada final que levará a resolução do enredo (como numa WWW em que tudo se conecta).

O filme é divertido, constrangedor, e chocante, mas de um ponto vista estrutural tem coisas que eu não gosto. Por exemplo, temos 2 plots paralelos das duas virgens das quais presenciamos o primeiro momento de coito. Ambas desvirgindades pelo Sebastian que, apesar de bons músculos, não tem carisma suficiente para fazer a sua personagem de pick up artist - um dos grandes defeitos do filme. A moral proposta pelo filme é que a Cecile, que é porca e faz sexo só para treinar para o seu verdadeiro amor, fica toda sex crazed e “omg deixem-me falar sobre o sexo todo que tive e como quero fazer broches” e o Sebastian caga para ela, enquanto a Annette, personagem da Reese, faz sexo POR AMOR~!, e por isso tudo é perfeito (é isso que simboliza a música do Morrissey nessa cena de sexo). O problema é que nem a personagem da Cecile está bem desenvolvida, nem o relacionamento da Annette com o Sebastian, que se apaixona por ela só porque ela o fez rir, é muito credível. Pelo que, na verdade, acaba por ser tudo um pouco pointless.


O outro grande problema é quando é suposto o Sebastian, ao apaixonar-se, ficar arrependido por finalmente ter sofrido o desgosto que vinha a causar em outras ao longo dos anos, e é suposto ficarmos ultra comovidos. No entanto, quando isto ocorre, e apesar de ter todas as gajas documentadas, a reacção do Sebastian não é tentar emendar os seus erros passados, tirar da internet as fotos todas que meteu das gajas que comeu, e oferecer-se para ser escravo delas e encontrar redenção, mas só ficar para a Annette todo “I luvu so much I have no excuses though :(“.


A morte do Sebastian é insignificante e só está no filme para ser igual ao livro. Esta é uma das dificuldades das adaptações: fazer com que a adaptação tenha uma lógica interna inerente, e não colocar todos os acontecimentos de um livro, que em versão filme podem passar a não fazer tanto sentido.Ninguém fica triste por ele morrer e, no fim, quando a step sister do Sebastian estava a fazer um discurso sobre o quão boa ela era e kinda a falar mal do Sebastian, as antigas virgens ofereceram a toda a gente da escola (pois, isto era a cerimónia de abertura da escola), cópias dos diários do Sebastian que tinham os pormenores da vida dele e incluiam o facto da irmã ser tão devious quanto ele. Estranhamente, não tiraram as fotos nem riscaram os nomes das raparigas que estavam no diário, fazendo com que essas moças (das quais elas faziam parte >:|) fossem outra vez humilhadas, a não ser que fosse suposto nesta altura toda a gente já gostar do Sebastian e por isso ser um orgulho ter ido prá cama com ele. A cereja no cimo do bolo é quando se descobre que o crucifixo da step sister tem coca lá dentro~! e que ela não devota a deus, sendo a sua farsa desmascarada.


O grande problema aqui, é que supostamente isto é a história de como o Sebastian muda as suas ways, e não de como a step sister é desmascarada na sua farsa, pelo que é bizarro esta ser a cena final (quando se trata só de um subplot). Se era suposto ao mesmo tempo ser a cena em que toda a gente passava a admirar o Sebastian também não faz sentido porque ele era tão má pessoa como a irmã e só se tornou melhor pessoa tipo no dia antes de morrer, pelo que é impossível aferir se se tornou mesmo boa pessoa ou foi só um momento de passagem (se tivesse uma relação estável com a Annette durante alguns anos, ou para sempre, ou acabasse com ela mas de forma cordial, como que sendo esse um motivo que o fizesse voltar às evil ways), mas não, como ele morre ao descobrir o verdadeiro amor é só uma cena kinda irónica.Aliás, mas também é culpa minha não ter referido o papel da step sister na história. Basicamente, um gajo deixou-a, ele para se vingar quis vingar-se na nova gaja dele, que era a virgem Cecile, então faz tudo para estragar a reputação dela e dorme com o professor de violoncelo preto dela, depois de ter estragado o romance entre os dois.


Also, aposta com o irmão que ele não consegue comer a virgem Annette; como funciona a aposta não percebi pq não houve prazo limite. Se ganhasse ficava com o carro dele, se perdesse iam prá cama. Claro que perdeu, mas depois ele também não queria ir para a cama com ela porque se apaixonou pela outra, para se vingar de ser mais uma vez trocada, ligou ao preto e disse-lhe que o Sebastian tinha dormido com a Lucille ao que ele fica muito exaltado (não percebo bem porquê já que ele também foi prá cama com a step sister?).Anyway, um dos highs do filme é o Sebastian e a step sister terem momentos de bom erotismo. O que é awkward porque ele na altura andava com a Reese mas até podia fazer com que o seu amor pela Reese fosse mais credível no filme. No entanto, é sempre idiota fazer cenas de amor com namoradas porque depois quando acabam é awkward ter aquilo documentado né.

Fun, mas é difícil fazer boas adaptações.

6.2/10

nota final: o filme tem algumas cenas de lesbianismo para quem estiver into that sort of stuff.